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Por: Elton Monteiro Postado em: 14/03/2025 10:41

A logística autônoma

A promessa da automação sempre foi incrível. Máquinas assumiriam o trabalho repetitivo, sistemas organizariam tudo sozinhos e as operações rodariam sem falhas. Mas a realidade nunca foi tão simples. Para que um sistema funcione bem, alguém precisa alimentá-lo, corrigir falhas, ajustar parâmetros. No fim, a automação tradicional sempre exigiu uma quantidade absurda de supervisão humana.

Isso está mudando. Estamos entrando em uma era onde a automação não precisa mais ser monitorada o tempo todo. A combinação entre RPA (Robotic Process Automation) e Inteligência Artificial está criando agentes autônomos, sistemas capazes de operar sem depender de constantes ajustes humanos. Eles não apenas executam tarefas, mas tomam decisões, aprendem e se adaptam ao longo do tempo.

Imagine uma operação logística em que um pedido de última hora surge e, sem intervenção humana, o sistema redistribui cargas, altera trajetos, negocia fretes e informa o cliente da nova previsão de entrega. Ou um armazém onde a IA ajusta o espaço de armazenamento em tempo real, deslocando produtos de maior demanda para áreas de fácil acesso, sem que ninguém precise planejar isso manualmente.

Mas talvez o impacto real não esteja nas tarefas óbvias. Pense no que acontece nos bastidores: um caminhão quebra no meio da estrada. Hoje, o processo para resolver isso envolve diversas ligações, acionamento de suporte, mudanças de agenda. Agora, imagine um sistema que, ao detectar a falha, aciona automaticamente um serviço de reparo, redistribui as entregas para outro veículo próximo, recalcula as previsões de chegada e comunica fornecedores e clientes antes que alguém sequer perceba o problema. Isso não é automação comum – isso é autonomia.

E quando a logística começa a trabalhar sozinha, as empresas precisam mudar também. Durante anos, os profissionais do setor passaram a maior parte do tempo resolvendo problemas que, agora, podem ser antecipados e corrigidos antes mesmo de se tornarem um problema.

A automação tradicional exigia controle. A nova automação exige adaptação. Não se trata apenas de eficiência – trata-se de uma mudança fundamental na forma como a logística opera. E essa transformação não é algo para o futuro. Ela já começou.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio

 

IMAGEM: Freepik/imagem gerada por IA