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Máquinas de pegar pelúcias voltam à moda e geram renda extra para pequenos comércios

As máquinas de pelúcia, que se popularizaram nos anos 1990, voltaram com tudo. Não precisa de esforço para encontrá-las. Elas estão espalhadas por todos os lugares: supermercados, pátios comerciais, restaurantes e até mesmo conveniências de postos de combustível.

Esses equipamentos não são só uma maneira divertida de atrair clientes, mas também oferecem uma forma de gerar receita, aumentar a experiência do cliente e ajudar a promover a loja de uma maneira única e interativa.

Mas, o nível se profissionalizou e a febre virou moda em espaços exclusivos para as máquinas. Empresas especializadas têm lucrado ao locar grandes espaços em shoppings com 20 a 30 equipamentos. Ao instalar as máquinas, elas ganham com as jogadas.

Já no caso dos comércios, há duas possibilidades. Eles podem alugar alguma área para empresas de gruas lucrarem com as jogadas. Ou então, o lojista compra sua própria máquina e incrementa seu orçamento com as tentativas dos clientes.

Cada jogada normalmente custa de R$ 2 até R$ 9,90, dependendo da localidade. As empresas afirmam que as pelúcias são testadas e possuem certificação do Inmetro, garantindo a qualidade e segurança dos produtos para as crianças.

Diário do Comércio percorreu alguns shoppings da capital paulista e a tendência é clara. Quase todos têm algum espaço com máquinas de grua de pelúcias, às vezes, mais de uma empresa em pontos diferentes do empreendimento.

É comum ver certa concentração de pessoas ao redor dessas máquinas, seja para assistir a quem tenta uma vitória ou para esperar a vez de brincar.

Empresas especializadas passaram a locar grandes espaços em shoppings onde instalam entre 20 a 30 gruas e ganham de R$ 2 a R$ 9,90 a cada jogada dos clientes (BR Machine/divulgação)

 
Experiência aprimorada
 
A BR Machine, com 15 anos de atuação no mercado de entretenimento, hoje atua em várias frentes e está presente em 90% do território nacional. Conta com cerca de 2,5 mil equipamentos, distribuídos em 280 shoppings de todo o país, além das redes de varejo, grandes redes de hipermercados e atacados.
 
Segundo Élvis Rovaris, gestor administrativo do Grupo BR Machine, a marca é antenada em novas tendências, tecnologias, tipos de tecidos, texturas, cores e funcionalidades que podem ser agregadas aos produtos.
 
Questionado sobre o boom atual das máquinas de gruas, Rovaris ressalta que a BR Machine foi uma das responsáveis por resgatar esse segmento no Brasil em 2015, trazendo inovação tanto nos equipamentos quanto na qualidade e na variedade das pelúcias.
 
“O sucesso atual das máquinas de grua nos shoppings e nos centros comerciais reforça o que a empresa já identificava como uma grande oportunidade: a combinação de um produto desejado pelo público com máquinas atrativas e bem distribuídas. Esse crescimento mostra que o entretenimento gerado pelas gruas conquistou novamente todas as faixas etárias, tornando-se um fenômeno de público e engajamento”, diz.
 
Desde 2021, a empresa lançou as Estações BR Machine, que já somam mais de 15 pontos espalhados por estados como São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro. São locais com inúmeras máquinas próprias que ocupam espaços iguais aos de lojas nos shoppings.
 
O Sunshine Crane, da BR Machine, é uma estação de gruas com design de Kombi azul e capaz de operar com até oito garras simultâneas (BR Machine/divulgação)

 

A marca atende a uma vasta gama de clientes, desde pequenos negócios a grandes redes de entretenimento. Mas também tem seu público cativo. “Cada tipo de local pode receber modelos específicos de máquinas, adequados ao espaço e perfil do público, que pode ser bastante variado”, ressalta Rovari. Além das crianças, há adolescentes, adultos e colecionadores, que formam grupos nas redes sociais para compartilhar suas conquistas e buscar os modelos de pelúcias mais desejados.

As gruas são constantemente atualizadas com novidades para datas sazonais, como Natal, Páscoa, Dia dos Namorados, Halloween e Dia das Mães.

Uma das gruas de destaque da BR Machine é o Sunshine Crane, com design de Kombi azul, veículo popular entre os anos de 1960 e 1990, capaz de operar com até oito gruas simultâneas.

Happy Machine

No shopping Central Plaza, no Ipiranga, zona Sul da cidade de São Paulo, a empresa Happy Machine disponibiliza um local para gruas com vários tipos de bichinhos de pelúcia, dos pequenos até os enormes. Os grandes são mais difíceis de pegar, e atraem mais torcida em volta.

Segundo a empresa, a ideia da criação da Happy Machine surgiu de uma experiência casual dos idealizadores em 2019 e se transformou em uma empresa em expansão. Além do Central Plaza, a marca também mantém espaços nos shoppings Aricanduva, Interlagos e União Osasco. No interior, são nove unidades: Piracicaba, Indaiatuba, Rio Claro, Limeira, Ribeirão Preto, além de duas em Campinas e duas em Sorocaba. No Paraná, são 13 espaços.

Outra empresa especializada nessas máquinas é a Agarramais, que tem grandes lojas nos shoppings Vila Olímpia, Tatuapé, Boulevard Tatuapé, Interlagos e Aricanduva, além dos Terminais 1 e 2 do Aeroporto de Guarulhos. Mas, além dessas, há diversas marcas atualmente no mercado.

Shoppings, aeroportos, estações de metrô e outros pontos de grande movimento são locais onde as gruas de pelúcia costumam ser instaladas. Mas o comércio em geral começou a ver oportunidade de renda extra nesses equipamentos (Imagem: Cibele Gandolpho/DC)

 

Renda extra para o comércio

A demanda por máquinas de grua de bichinhos não cresceu apenas nos shoppings. Mercados, padarias, postos de gasolina, lojas, restaurantes e pequenos comércios passaram a instalar esses equipamentos com o objetivo de conseguir uma renda extra.

O empreendedor que desejar comprar uma dessas máquinas vai encontrar valores variados, dependendo do tamanho, mas que começam em torno de R$ 10 mil. O valor por jogada varia de R$ 4 a R$ 6 em lojas de rua e pode chegar a R$ 9,90 em algumas regiões da cidade e em shoppings.

No caso da loja de jogos eletrônicos e fliperama Lord’s, localizada há mais de 45 anos no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, há 10 máquinas de diferentes tipos. A Lord’s é um fliperama dos anos 1970 que manteve seu padrão tradicional como loja de rua e conta com máquinas para diversões eletrônicas, mesas de bilhar, ping-pong, pebolim e pinball.

Segundo o proprietário Antonio Carlos Ruiz, de 72 anos, as gruas já foram muito requisitadas nos anos de 1990 na Lord´s, mas agora voltaram com força total. “As máquinas são atraentes para crianças e famílias, o que aumenta o tráfego de clientes na loja; geram uma experiência interativa, incentivando o retorno; são uma fonte adicional de receita da Lord’s; ajudam a nos diferenciar dos concorrentes; e ainda aumentam o tempo de permanência na minha loja”, conta.

Na Lord’s, um fliperama que existe há 45 anos, as gruas, que foram comuns no local nos anos de 1990, voltaram agora a dividir espaço com outros jogos e já são responsáveis pelo aumento de 20% no movimento de clientes (Lord's/divulgação)

 

Ruiz foi comprando máquinas conforme a adesão. “Percebi que o nosso público gostou bastante e resolvi comprar mais unidades. Tive um aumento de 20% no movimento na loja por conta das pelúcias e, consequentemente, no lucro geral.”

A Lord’s deixa as máquinas em uma posição estratégica, bem na entrada da loja, onde o fluxo de pessoas é maior. Também coloca pelúcias de qualidade à disposição e os bichinhos são posicionados de uma forma que as pessoas tenham mais chances de pegá-los.

Segundo o dono, não adianta deixar tudo “socado” para dificultar a pega. Ele aconselha quem quer incrementar também o seu comércio. “O objetivo é que as pessoas consigam pegar e voltar outras vezes porque os prêmios são acessíveis, proporcionando uma experiência positiva aos clientes”, diz.

Ruiz também garante que as máquinas estejam sempre em bom estado de funcionamento para não decepcionar a clientela.

Caçadores e colecionadores

Figuras frequentes nas máquinas de grua, os caçadores de pelúcias gastam valores consideráveis para brincar.  Outros já trazem sacolas e malas para levar as conquistas. É o caso do administrador César Olivieri, de 41 anos, e do filho Davi Olivieri, de 6.

A dupla é sempre vista no Shopping Metrô Tatuapé, onde há vários espaços de marcas diferentes de caça-bichos. “Eu trago meu filho depois da escola porque coincide com o horário que minha esposa chega no metrô do trabalho. Ficamos esperando enquanto ele brinca. Ele gosta mais de conquistar o prêmio do que do bicho em si”, comenta o pai.

Olivieri conta que, em casa, Davi já acumula mais de 100 bichinhos. “Já não tem mais onde guardar, mas ele não deixa a gente doar as pelúcias.”

Outro frequentador assíduo das máquinas é Dorival Mendes, de 61 anos. Ele prefere as máquinas que têm os Funkos - aquelas figuras colecionáveis da cultura pop. “Gasto em torno de R$ 10 por jogada e uns R$ 200 no total. No mês, gasto entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. Eu coleciono, troco os repetidos ou vendo na internet.”

Mendes faz parte de uma comunidade de jogadores que se reúne em grupos de WhatsApp e já conheceu colecionadores no Brasil inteiro. “Trocamos estratégias também, conselhos e participo até de lives.”

Já o casal Marcos Santos e Maria Fernanda Santos gosta mais de brincar nas máquinas do que dos bichinhos em si, mas nunca voltam para casa de mãos vazias. Eles frequentam diversos shoppings da cidade.

“A gente vem pela conquista, mas não guardo. Já somos craques. A gente junta e vende os lotes no Mercado Livre por R$ 750 um volume de 50 pelúcias, por exemplo. Nem sempre cobre o que gastamos, mas, pelo menos, não perdemos tanto dinheiro. Queremos é diversão mesmo. No entanto, já teve meses que tivemos lucros. Mas conheço gente que faz isso para ganhar dinheiro”, diz Maria Fernanda.

 

IMAGEM DE ABERTURA: BR Machine/divulgação