
Amazon anuncia mais de 500 pontos de retirada no Brasil e mira na expansão logística
A Amazon Brasil anunciou ontem a opção de entrega para os brasileiros em endereços estratégicos do país, assim como já faz o Mercado Livre e a Shopee. Inicialmente, serão 532 Pontos de Retirada Amazon, localizados em todos os estados, incluindo capitais. Até o final do ano, a cobertura deve ser ampliada para mais de três mil pontos. Os pontos de retirada nos marketplaces no Brasil funcionam como uma alternativa para os consumidores que preferem não receber seus produtos em casa, oferecendo mais conveniência e flexibilidade. Essas opções são estabelecidas em parceria com redes de lojas físicas, como farmácias, supermercados e outros estabelecimentos comerciais, que se tornam pontos de coleta para os pedidos realizados online. Quando o cliente faz uma compra, ele escolhe um desses pontos de retirada próximos de sua localização, e após a confirmação do pagamento e o processamento do pedido, o produto é enviado para o ponto escolhido. O consumidor é notificado quando o item está disponível para ser retirado, geralmente com um prazo de dias para fazê-lo. Esse modelo reduz custos com frete, além de permitir que o cliente tenha maior controle sobre a entrega, evitando eventuais problemas com o transporte. Segundo a Amazon, o serviço foi pensado para atender a parcela da população brasileira que vive em áreas isoladas e em consumidores que não estão em casa durante o horário comercial ou não dispõem de uma recepção para receber suas encomendas. De acordo com Mariana Grottera, Diretora de Experiência do Cliente da Amazon Brasil, o objetivo é expandir as opções dos clientes que já compram na plataforma da Amazon. “Com o lançamento dos Pontos de Retirada Amazon, reforçamos nosso compromisso com a inclusão digital e praticidade. Neste ano, vamos ampliar mais a seleção de produtos e a conveniência aos nossos clientes em todo o Brasil a partir de novas tecnologias e com a expansão de nossa infraestrutura logística. Os Pontos de Retirada Amazon fazem parte deste investimento”, afirma. A Amazon iniciou suas operações de varejo no Brasil em 2019 e conta hoje com cerca de 150 milhões de produtos em mais de 50 categorias, realizando entregas em 100% dos municípios, com algo em torno de 160 polos logísticos. A modalidade é implementada em parceria com a empresa de transporte Jadlog e os pontos selecionados pela Amazon passaram por treinamentos para alinhamento operacional. Para utilizar a opção de retirada, os clientes devem escolher "Retirada" como método de entrega e o mapa dos pontos mais próximos ou preferência do cliente é exibido. LEIA TAMBÉM: Aumente a receita da empresa atuando como ponto de coleta do Mercado Livre O Mercado Livre já opera este tipo de serviço há bastante tempo. Segundo a empresa, são 4.500 Agências Mercado Livre, como são chamadas, em todo o país. Os clientes podem retirar os produtos em lojas, escritórios ou centros de atendimento. Para encontrar os pontos, o cliente pode consultar o site ou o aplicativo. A Shopee, por sua vez, tem cerca de 2 mil Agências Shopee espalhadas por todo o Brasil, em estabelecimentos comerciais parceiros que funcionam como pontos de coleta e entrega para pacotes vendidos na plataforma. Solução multifuncional Lyana Bittencourt, CEO do Grupo Bittencourt - consultoria especializada no desenvolvimento, gestão e expansão de redes de negócios -, diz que essa operação é mais do que uma expansão logística. A iniciativa da Amazon é um reflexo claro de uma transformação estrutural no varejo e na ocupação urbana. “Em um momento em que os custos de ocupação seguem em alta e os espaços físicos se tornam cada vez mais compactos — especialmente em grandes centros —, o modelo de retirada em locais parceiros oferece uma solução multifuncional tanto para o consumidor quanto para o comércio local”, diz. Para o consumidor, segundo Lyana, trata-se de conveniência aliada à previsibilidade, em um país onde a última milha ainda representa um dos maiores gargalos logísticos. “Para os parceiros comerciais que recebem esses pontos, há o benefício de um aumento de fluxo e potencial de conversão, mesmo que indireta — afinal, cada retirada é uma oportunidade de relacionamento.” No pano de fundo, porém, está uma estratégia ainda mais inteligente, conforme a CEO: a redução significativa de custos logísticos e operacionais. “Cada ponto de retirada reduz o número de deslocamentos individuais, concentrando entregas em hubs urbanos mais eficientes. Isso não só melhora a margem da operação como também contribui para a sustentabilidade ambiental do processo, com menor emissão de CO² por pedido entregue”, explica. Além disso, ao integrar-se ao comércio local e utilizar estruturas já existentes, as empresas evitam novos investimentos em infraestrutura e, ao mesmo tempo, descentralizam a experiência de entrega, aproximando-se da lógica de varejo de vizinhança — mas com a escala e tecnologia que a plataforma oferece. “Essa movimentação sinaliza um futuro onde a logística deixa de ser apenas bastidor e passa a ser uma interface estratégica do varejo omnichannel, com papel ativo na experiência do cliente e no modelo de negócio”, completa Lyana. IMAGEM: Amazon/divulgação